* T. A. Hegre
A Ciência afirma que existe um princípio segundo o qual todos os processos
físicos tendem a tornar-se mais lentos, frios e gradualmente desordenados.
Chamam a isto a “Segunda lei da termodinâmica”.
Ninguém precisa ser cientista para concordar com esta afirmação. Basta apenas
observar que não conseguimos mais correr como corríamos antes, não mantemos a
mesma medida de entusiasmo que tínhamos antes, e não conseguimos lembrar fatos
com a mesma facilidade com que lembrávamos antigamente.
A “segunda lei” acha-se presente em todos os aspectos de nossa vida física.
Sabemos que existe uma lei semelhante em operação no plano espiritual. “Se não
tomarmos providências para evitar que a nossa vida se deteriore, ela se
desintegrará.”
Jesus diz a mesma coisa com as seguintes palavras:
“Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância;
mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.” (Mt
25.29).
Um culto que antes era fervoroso tende a tornar-se frio e formal. Uma
obediência que antes era imediata, começará a retardar até tornar-se
desobediência. Um testemunho que antes era sincero, tende a ficar
estagnado.
Se nossa vida espiritual for deixada ao acaso, podemos estar certos de que
declinará em todos os sentidos. Por esta razão, é necessário que,
periodicamente, nós nos examinemos sob a inspiração do Espirito Santo.
Damos a seguir algumas sugestões que podem orientar-nos nessa
auto-análise.
Examine
a sua conversão
Você tem permitido que sua língua funcione sem vigilância? Antes você era muito
cauteloso com a maneira como falava com sua esposa. Evitava ferir os
sentimentos dela. Mas nos últimos dias, está falando a primeira coisa que lhe
vem à cabeça, sem se importar se suas palavras vão magoá-la ou não?
Você tem reagido violentamente contra as palavras de outras pessoas? Tem dado
respostas prontas e meio ásperas, quando alguém diz algo a seu respeito que não
é muito lisonjeiro? Como têem sido suas palavras
quando alguém o interrompe em meio à descrição de um projeto ou de um programa
que você aprecia?
É impressionante como as pessoas têem um grande cuidado na escolha das palavras quando se
encontram num local de trabalho, ou quando estão conversando com alguém que
conhecem pouco. Se pudéssemos ouvi-las quando chegam em casa e se acham com
seus queridos, iríamos indagar o que causou tal mudança.
Entre estranhos, sempre dizemos: “eu gostaria de sugerir…” mas em casa: “ponha
logo esse jantar na mesa, estou com muita pressa”. No escritório, dizemos:
“poderia trazer-me um cafezinho, por favor?” Mas em casa: “ei, saia da frente,
assim não posso ver o noticiário.” Esse descuido na conversação certamente vai
refletir-se num esfriamento espiritual.
Examine
seu arrependimento
Um dos profetas do passado disse certa vez o seguinte: “Rasgai o vosso coração,
e não as vossas vestes…” (Jl
2.13). E essa ordem foi bem compreendida pelo povo de seu tempo. Naquele tempo,
rasgar as roupas era um modo muito comum de uma pessoa mostrar que se achava
profundamente triste, preocupada ou aflita.
Infelizmente, segundo a opinião do profeta, havia muita rasgação de roupas, mas pouco
arrependimento. Havia muita atuação simbólica, mas as atitudes que ela
representava não existiam realmente. Recentemente, uma pessoa chamou nossa
atenção para um exemplo clássico dessa superficialidade.
Ela contou que um de nossos presidentes, após fazer um apelo público aos
americanos para que dedicassem determinado dia à oração e meditação, passou
esse dia num campo de golfe. Mas examinemos a nós mesmos. Somos nós que
precisamos efetuar essa auto-avaliação. A pergunta a ser feita é a seguinte:
“existe algum pecado em minha vida, no presente, do qual ainda não me
arrependi?”
Examine
seu crescimento espiritual
A melhor maneira de avaliarmos nosso compromisso espiritual é fazendo um
retrospecto. Então, o certo é efetuarmos uma auto-análise de vez em quando,
para sabermos se estamos crescendo.
Em geral sentimos que nossa vida é constituída de etapas. Na esfera espiritual,
a primeira dessas etapas seguiu-se à nossa experiência de arrependimento e
recebimento de Cristo como Senhor e Salvador. Mas certamente, essa não deve ser
a última fase do desenvolvimento espiritual. Então chegou um momento em que desejamos
outras bênçãos além do perdão dos pecados.
Sabíamos que precisávamos de uma pureza interior que ainda não havíamos
experimentado. Além disso, necessitávamos de maior entusiasmo em nosso esforço
de ganhar outros para Cristo. E foi assim que, provavelmente, subimos
outro degrau e recebemos a Cristo como nosso santificador, que nos encheu com o
seu Espírito Santo.
Mas o problema começa quando nos deixamos ficar num desses degraus e não
seguimos em frente. Você está crescendo ou está parado?
Examine
seu estudo da Bíblia
Muitas pessoas, às vezes, vêem ao altar após um culto, e revelam uma carência
espiritual, mas não sabem definir com clareza o que está errado. Então eu lhes
pergunto: vocês têem lido a Bíblia como
antes? E, de modo geral, a resposta é a seguinte: para ser sincero, devo
confessar que não.
Uma senhora que fora missionária na Coréia durante cinqüenta anos, visitou
certa ocasião um seminário. O diretor da instituição notou que muitos dos seus
colegas iam aconselhar-se com ela, e saiam dali radiantes. Então, ele também
foi falar com ela.
Mal a porta se fechara, ela lhe perguntou diretamente: com que freqüência o
senhor está lendo a Bíblia? Pego de surpresa, ele respondeu: ora, eu sou
diretor deste seminário! Entenda uma coisa, disse ela. Não foi isso que eu
perguntei. O que quero saber é com que freqüência o senhor está lendo a Bíblia
para a edificação de sua alma.
Meio envergonhado, ele confessou que raramente lia as Escrituras com este
objetivo. O descuido da verdade, com toda a certeza, leva-nos a esfriar. E
negligenciar o estudo da Bíblia é descuidar da verdade.
Examine
sua comunhão com os irmãos
Existe muita coisa por aí que consideramos comunhão e que realmente não é. É
muito fácil estarmos em companhia de pessoas, sem realmente termos comunhão com
elas. É possível uma pessoa ir à igreja, ouvir a mensagem e os cânticos, e sair
dali sem ter tido um minuto de comunhão.
É também possível termos um calendário cheio de atividades sociais, e uma vida
vazia de comunhão. A comunhão cristã é um encontro de corações e mentes em
torno de questões que são partilhadas de modo peculiar pelos cristãos.
Como seres humanos, temos muitas coisas em comum com outros cristãos – e
somente com outros cristãos. Uma delas é nosso amor por Jesus, e também nossa
gratidão pelo perdão e pela vida eterna.
Nós nos interessamos pela condição da humanidade perdida. Temos aquele desejo
de que Cristo seja reverenciado aos olhos dos outros. Temos experiência dos
dons de Deus e Sua graça. Temos testemunhos de vitória sobre as
tentações.
Conversas sobre a conduta dos filhos, os últimos resultados dos jogos de
futebol, ou a crise mundial, não constituem uma verdadeira comunhão
cristã. Podemos debater esse tipo de assunto com qualquer pessoa. Mas não são o
terreno comum no qual os cristãos se acham unidos.
Portanto, é possível um crente falar o dia inteiro sobre diversos assuntos e ao
final sair dali sem o menor sentimento de edificação. Não fomos edificados
porque estivemos cultivando amizade e não comunhão.
Examine
o que tem lido ultimamente
Conta-se que William Parker, o grande pregador, muito cedo na vida tomou a
decisão de ler somente aquilo que pudesse capacitá-lo a pregar e ensinar a
Palavra de Deus. Ele não apenas lia muito, mas selecionava o que lia.
Infelizmente, muitos nem selecionam.
Raramente conseguem lembrar qual foi a última vez que leram alguma coisa de
valor ou de grande importância. E, no entanto, os bons livros podem transformar
vidas! Bacon afirmava que “ler torna o homem mais completo”. E a poetiza
Elizabeth Browing disse: “os livros
são homens de grande estatura.” O que você tem lido ultimamente?
Examine
suas ligações de dependência
Um dos mais importantes princípios para um viver cristão vitorioso é o da
crescente dependência. Isso significa que toda vez que recebermos uma
orientação do Senhor devemos esperar que ela seja singular.
Nem sempre Deus nos dá a mesma orientação. Com Moisés, por exemplo, uma vez ele
mandou bater na rocha. Mais tarde ordenou que falasse a ela. Assim também é
conosco. Mas é possível que estejamos cultivando certas dependências falsas,
que drenam toda a nossa energia espiritual.
Talvez estejamos confinados em nossa atual posição com relação à nossa
segurança econômica, em vez de confiarmos em Cristo.
E para o caso de perdermos o emprego, estamos confiados em nossas próprias
habilidades, em vez de no Senhor.
Podemos estar sentindo segurança em nossa conta bancária.
Podemos estar confiados no nosso governo.
Para nosso crescimento espiritual, podemos estar demasiadamente confiados num
bom amigo crente.
Para o serviço cristão no futuro, podemos estar confiados em nosso talento, ao
invés de nos apoiarmos em Cristo e nos seus dons divinos.
E nas decisões básicas da vida, podemos estar mais confiados em nossas
intuições e palpites do que na orientação do Espírito.
Todas estas coisas são fundamentos falsos. Estão tomando o lugar de Deus.
Examine
seus “espinhos”
Quando o povo de Israel tomou a terra de Canaã, o Senhor lhes disse que se não
destruíssem os cananitas eles se tornariam
como espinhos “em suas ilhargas”, a fim de levá-los a buscar a Deus.
É importante que reconheçamos quando um espinho nos está irritando, e reajamos
à pontada dele com uma atitude de arrependimento. Muitos crentes não percebem
os espinhos que permanecem em sua vida como resultado de uma consagração
incompleta. A tendência deles é atribuir aquela dificuldade a Satanás ou a
alguma causa natural.
Talvez a sua dor se manifeste em inquietação… e enquanto isso, o espinho é
pecado não confessado, ou uma relutância em encarar o pecado e em reconhecê-lo
como tal.
Talvez a dor seja cansaço… e o espinho, o fato de não querer pedir perdão, ou
uma atitude de rebelião contra certas circunstâncias que Deus permite em sua
vida.
Talvez a dor seja nervosismo… e a razão dela, o fato de você não querer
abandonar um mau hábito, como o de permitir-se acessos de raiva, ou deixar-se
mergulhar em autopiedade.
Temos de reconhecer a existência desse espinho e tomar a providência que se
fizer necessária, pela natureza dele.
Pode ser que logo que começou a ler este artigo você tenha sentido que está
esfriando espiritualmente, mas relutando em examinar sua vida, por recear ficar
deprimido. Mas a auto-análise não tem por objetivo ser um fim em si mesma. Ela
é apenas o primeiro passo, no sentido de se obter o perdão, e uma nova condição
para receber a graça.
Se você resolver encarar todas as coisas que o estão puxando para baixo,
confessá-las a Deus e resolver modificar-se, Ele o perdoará imediatamente e o
restaurará.
“E estando prontos para punir toda desobediência, uma vez
completa a vossa submissão.” (2 Co 10.6)
E Ele fará ainda mais: colocará diante de nós outra porta aberta para a
obediência, para que possamos, seguindo em frente, obter uma paz maior, um
poder maior e um maior progresso espiritual.
* T. A. Hegre – Pastor e fundador
da Missão Evangélica Betânia dos Estados Unidos.
Amém glória a DEUS
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